segunda-feira, 5 de setembro de 2011

A origem do Apartheid na África do Sul

    Inicialmente, precisamos entender que o significado da palavra Apartheid está ligado a separação. Na África do Sul, esta política foi adotada como forma de segregação social baseada na cor da pele, ou seja, a completa exclusão de negros do convívio social e dos serviços públicos. Durante esse período, negros não eram apenas segregados, mas também presos, surrados e humilhados publicamente pelas autoridades sul africanas. Para entender melhor como tamanha imbecilidade foi possível, precisamos voltar um pouco no tempo.
    Os primeiros a alcançarem o território que hoje pertence a África do Sul foram os portugueses, em 1497. Porém, a colonização efetiva da porção sul africana começou apenas em 1652, quando camponeses oriundos da Holanda – chamados bôeres – chegaram ao continente. De acordo com os bôeres, a população negra que se encontrava no território não passava de um grupo de selvagens, que precisava ser domesticado e escravizado, uma vez que defendiam de maneira incondicional a superioridade da raça branca sobre as demais. Extremamente religiosos, afirmavam, ainda, que tal dominação seria justificada através de textos bíblicos.

    O domínio holandês nesse território perdurou até o século XVIII, quando as Guerras Napoleônicas culminaram na posse das colônias holandeses pela Inglaterra. Voltados para a agricultura comercial com mão de obra livre, os ingleses feriam os princípios da sociedade dos bôeres. Esse choque de culturas resultou na expulsão dos holandeses do litoral, por volta de 1836, gerando uma grande migração para o interior sul africano, que seria declarado como território autônomo pelos ingleses.

    Todavia, no ano de 1867, uma grande quantidade de metais preciosos foi encontrada nas terras ocupadas pelos bôeres, o que despertou o interesse inglês. Tal interesse teve como consequência um episódio que ficou conhecido como a Guerra dos Bôeres, uma vez que os descendentes de holandeses não queriam abrir mão das terras ocupadas. Melhor equipada e com mais recursos, a vitória inglesa resultou na anexação das minas por parte da Inglaterra.

    Passado o tempo, já no século XX, a maioria de origem bôere resultou em vitória nas eleições - apenas para brancos, claro - de 1948, dando início a um significativo fortalecimento do racismo na África do Sul – vale lembrar que, de acordo com a lógica bôere, os negros eram selvagens e precisavam ser domesticados e escravizados. 

    Na década de 1960, o desligamento da coroa britânica da África do Sul tem como resultado a legalização do Apartheid, uma vez que a maioria negra (aproximadamente 70% da população) era vista como uma ameaça aos brancos. Desta forma, inúmeras políticas de segregação foram colocadas em prática. Uma delas, conhecida como a Política dos Bantustões, reagrupava os negros em territórios “especiais”, segundo sua origem tribal. Tal política representava uma grande segregação espacial, enfraquecendo qualquer possibilidade de mobilização populacional e servindo como fontes de mão de obra barata.

     Internacionalmente, tal política era divulgada como um fortalecimento da identidade étnica da população negra, a fim de mascarar as reais intenções da opinião mundial.
Inúmeros movimentos anti Apartheid surgiram. Um deles, conhecido como Congresso Nacional Africano, era liderado por Nelson Mandela, que defendia o direito universal ao voto, ou seja, defendia uma política em que todos tivessem direitos iguais. Outro movimento, o Inkatha, liderado por Mangosuthu Buthelezi, de origem tribal rival a de Mandela, defendia o poder de voto de acordo com o peso numérico das etnias.
  
     Com o fim da Guerra Fria, os olhos do mundo se voltaram para a África do Sul. Após inúmeros boicotes econômicos, em 1989 foram concedidos alguns direitos civis aos negros. Por fim, em 1994, foram realizadas as primeiras eleições multirraciais na África do Sul, tendo Nelson Mandela como vitorioso.

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Sugestão de filme: MANDELA – Luta pela Liberdade
Título original: (Goodbye Bafana)
Lançamento: 2007 (Bélgica, França, Alemanha, Itália, Luxemburgo, África do Sul, Inglaterra)
Direção: Bille August
Atores: Joseph Fiennes, Dennis Haysbert, Diane Kruger, Shiloh Henderson.
Duração: 140 min
Gênero: Drama


Até o próximo post, queridos!

Henrique Pontes


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