domingo, 27 de março de 2011

A questão palestina




Muito se ouve falar a respeito dos frequentes e intensos conflitos na porção da Ásia conhecida como Oriente Médio, um território que se estende desde o leste do Mediterrâneo até ao Golfo Pérsico. O clima predominante no Oriente Médio é o desértico, apresentando poucos rios - o que contribui de maneira significativa para os conflitos na região. Outro fator "explosivo" na região é a enorme concentração de petróleo (mais da metade de todo o petróleo do mundo), o que gera a cobiça das grandes potências mundiais, tais como os Estados Unidos.

O que se pretende discutir nesse pequeno artigo é a questão palestina, mais especificamente os conflitos entre palestinos e israelenses (conflito que se arrasta a décadas), sendo profundamente agravado em 1948, com a criação do Estado de Israel dentro do território palestino - que hoje se encontra dividido em três partes: o Estado de Israel, a Faixa de Gaza e a Cisjordânia.
Antes disso, a aquisição de terras as quais os donos de encontravam ausentes por parte dos judeus, expulsão de camponeses palestinos e políticas contra a contratação de trabalhadores palestinos serviram para incendiar o barril de pólvora que era o Oriente Médio, quando a Palestina ainda era administrada pela Inglaterra. Após a Segunda Guerra Mundial (1939 - 1945), os ingleses passaram a administração da área para a Organização das Nações Unidas, que optou pela criação de dois Estados na Palestina: uma para os judeus, outro para os árabes. Vale lembrar que, após 1948, Israel tomou posse de 77% da área total da Palestina, através, é claro, de conflitos armados, já em 1967. O resultado disso é aproximadamente 250.000 palestinos vivendo em campos de refugiados até os dias de hoje, sem se dar conta de que os campos provisórios já se tornaram definitivos.
Em diversas áreas, as liberdades e os direitos civis são negados a essa população. Por atirarem pedras contra soldados israelenses, centenas (ou milhares) de palestinos eram presos, espancados ou mortos. Inúmeras casas foram demolidas, como punição aqueles que enfrentam o exército de Israel. Árvores, centenas de árvores (fonte de renda para os palestinos, através da extração de óleo das oliveiras) foram cortadas pelos soldados, alegando questões de segurança. Para muitas famílias, o óleo é usado como principal fonte de sustento, não podendo esquecer que a maioria dos palestinos não pode trabalhar em território ocupado por Israel. Autoridades israelenses consideravam a expansão e surgimento de assentamentos judeus como um processo natural, pois partiam do princípio de que a terra era deles. Uma vez que se achavam donos das terras, poderiam expulsar os palestinos a hora que bem quisessem.
Joe Sacco, autor de Palestina, Uma Nação Ocupada (1999), narra de maneira bastante interessante e esclarecedora a diferença entre os direitos civis concedidos a judeus e palestinos:

"Enquanto seu julgamento não acaba, o colono (israelense) não precisa se preocupar com as punições da justiça israelense. De dezembro de 1987 a outubro de 1991, colonos mataram 42 palestinos, e nesse tempo apenas três julgamentos foram concluídos. A pior sentença? Três anos. Por outro lado, palestinos mataram 17 colonos durante o mesmo período de tempo. Seis dos nove suspeitos capturados receberam prisão perpétua. Outro recebeu 20 anos. Seis lares foram demolidos"
Na última década, tivemos avanços e retrocessos em direção a paz no Oriente Médio. O que fica claro é que, enquanto houver intolerância e discriminação, palestinos e israelenses jamais serão capazes de viver em paz. Extremismo existe de ambas as partes. Em ambas as partes também existe grande quantidade de cidadãos que repudiam a violência enraizada em seu cotidiano. A verdade é que existem muitas diferenças entre os povos e pouca vontade de superá-las. Enquanto isso não acontece, o mundo continua assistindo os conflitos de uma região que, para muitos, parece ter "nascido para a guerra".

Um abraço a todos,
Henrique

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